Brabas vencem nos pênaltis e colocam o Corinthians em mais uma final de Libertadores Feminina
Na noite desta quarta-feira, o Corinthians garantiu mais uma vez sua presença na decisão da Conmebol Libertadores Feminina. Em um duelo marcado por muita emoção, as Brabas superaram a Ferroviária por 6 a 5 nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar, no Estádio Florencio Sola, o tradicional Lencho, em Buenos Aires.
A classificação consagra novamente a força da equipe alvinegra no continente e leva o clube à sua sexta final da competição, reforçando o domínio corinthiano no futebol feminino sul-americano.
O gol do Corinthians no tempo normal foi marcado por Mariza, em bela jogada de bola parada. Já nos pênaltis, o brilho ficou por conta da goleira Nicole, que defendeu uma cobrança decisiva e selou a vaga corinthiana na grande final. A noite foi de tensão, garra e superação — um verdadeiro retrato do espírito que move as Brabas em busca da glória continental.
Desde o apito inicial, o Corinthians demonstrou que não estava em Buenos Aires para esperar o adversário. A equipe do técnico Lucas Piccinato iniciou a partida pressionando a saída de bola da Ferroviária, impondo seu ritmo e mostrando intensidade característica. As Brabas criaram suas principais oportunidades explorando erros na construção adversária e tentando finalizações de média distância. Mesmo assim, a equipe de Araraquara conseguiu se reorganizar e frear o ímpeto alvinegro, equilibrando o jogo por alguns minutos.
A primeira chegada perigosa veio após uma pressão alta bem executada. Duda Sampaio interceptou um passe errado de Camila e arriscou de fora da área, levando perigo ao gol defendido por Luciana. Pouco depois, Andressa Alves cobrou escanteio fechado e Gabi Zanotti escorou de cabeça, com a bola passando rente à trave. A torcida corinthiana, presente em bom número no estádio argentino, começava a acreditar que o gol seria questão de tempo.
Do outro lado, a Ferroviária tentava responder em contra-ataques rápidos, apostando na velocidade de Raquel e Júlia Beatriz. Em uma dessas jogadas, Sissi puxou a transição e encontrou Raquel livre, que finalizou cruzado. Foi então que Nicole mostrou seu reflexo impressionante, salvando o Corinthians com uma defesa firme com a perna esquerda.
Apesar do equilíbrio, o Timão manteve o controle emocional e técnico do jogo. Mesmo com dificuldades para furar a compacta defesa grená, as Brabas insistiam na posse e tentavam envolver o adversário com passes curtos e movimentação intensa. Até que, aos 41 minutos, o trabalho coletivo foi premiado. Em cobrança de falta executada por Andressa Alves, Mariza apareceu livre na área e, ao tentar cabecear, desviou com o ombro para o fundo das redes, abrindo o placar e inflamando a torcida corinthiana no Lencho.
O primeiro tempo terminou com o Corinthians em vantagem, mas a Ferroviária não se dava por vencida. O intervalo trouxe mudanças de postura para o segundo tempo: a equipe de Léo Mendes passou a adiantar suas linhas, pressionando a saída de bola corinthiana. Logo nos minutos iniciais, Micaelly levantou bola perigosa na área e quase marcou após um desvio contra da própria Duda Sampaio, mas Nicole voltou a brilhar com uma defesa no reflexo.
O Timão respondeu com rapidez. Gisela Robledo escapou pela direita, tabelou com Zanotti e cruzou rasteiro. A bola sobrou para Jhonson, que havia acabado de entrar, mas a finalização parou em Luciana. O jogo seguia tenso, com chances para ambos os lados, e o placar continuava inalterado graças às boas atuações das goleiras.
Com o passar dos minutos, o desgaste começou a pesar. Andressa Alves precisou ser substituída por Vic Albuquerque após sentir dores musculares, e a Ferroviária passou a se lançar ainda mais ao ataque. O Corinthians se fechava bem, mas acabou cedendo o empate aos 37 minutos: em nova jogada de bola parada, Fátima Dutra desviou e Andressa apareceu livre na segunda trave para empatar o duelo.
O gol deu novo ânimo às adversárias, que por pouco não viraram o jogo no fim. Nicole, novamente, garantiu o placar ao defender um cabeceio de Camila com uma defesa espetacular.
O empate por 1 a 1 levou a decisão para os pênaltis. E se no tempo normal as emoções foram fortes, nas penalidades o coração corinthiano precisou ser ainda mais resistente.
O Corinthians iniciou a série com Gabi Zanotti, que cobrou com categoria no canto direito. A Ferroviária empatou com Duda Santos. Em seguida, Vic Albuquerque recolocou o Timão na frente, mas Katiuscia devolveu a igualdade. A tensão aumentava a cada batida. Jaqueline desperdiçou sua cobrança, e Rafa Soares virou o placar para as adversárias. No entanto, Mariza mostrou novamente frieza e marcou para o Corinthians, enquanto Mylena Carioca chutou por cima, recolocando as Brabas no jogo.
A disputa seguiu dramática. Jhonson converteu sua cobrança, e Micaelly empatou. Já nas alternadas, Thaís Ferreira bateu com classe, deslocando a goleira e deixando o Timão novamente em vantagem. Andressa manteve a igualdade para a Ferroviária. A sétima cobrança coube a Duda Sampaio, que finalizou com precisão, sem chances para Luciana. Então veio o momento mais aguardado da noite: Fátima Dutra foi para a bola, e Nicole mergulhou no canto direito para defender e garantir a classificação das Brabas para a grande final.
O estádio explodiu em festa. As jogadoras se abraçaram no centro do gramado, algumas caíram de joelhos, emocionadas. Era mais uma prova do quanto o Corinthians é gigante, não apenas pela técnica, mas pela força mental e pela união dentro de campo. O elenco comandado por Lucas Piccinato alcançou, com merecimento, sua sexta final de Libertadores, buscando o sexto título continental da história — feito que reforça o status do clube como o maior campeão do torneio (2017, 2019, 2021, 2023 e 2024).
O retrospecto das Brabas nesta edição da Libertadores impressiona: são sete jogos, com cinco vitórias, dois empates, 18 gols marcados e apenas dois sofridos. Um desempenho que reflete não apenas o talento individual, mas a organização tática e o comprometimento coletivo de um grupo que entende a responsabilidade de vestir o manto alvinegro.
O Corinthians agora volta suas atenções para a grande decisão contra o Deportivo Cali, da Colômbia. A final será disputada no próximo sábado, dia 18, às 20h (horário de Brasília), novamente no Estádio Florencio Sola, em Buenos Aires. A torcida alvinegra promete empurrar as Brabas rumo ao hexacampeonato, ciente de que está diante de uma geração vitoriosa que já faz história no futebol feminino mundial.
Enquanto o elenco celebra a vaga, a comissão técnica se concentra na preparação para mais um desafio decisivo. O foco é manter o equilíbrio, a confiança e o espírito guerreiro que têm sido marcas registradas desta campanha. A Fiel, como sempre, estará junto — nas arquibancadas, nas redes sociais, nos corações de milhões de corinthianos espalhados pelo mundo.

