Corinthians vence o Santa Fe e avança às quartas da Libertadores Feminina com liderança do grupo
O Corinthians garantiu mais um importante passo em sua trajetória na Conmebol Libertadores Feminina. Na noite desta quarta-feira, as Brabas venceram o Independiente Santa Fe, da Colômbia, por 1 a 0, e asseguraram a classificação para as quartas de final da competição continental, encerrando a fase de grupos na liderança do Grupo A. O gol solitário e decisivo foi marcado por Gabi Zanotti, em uma atuação marcada por intensidade, superação e controle emocional do elenco alvinegro.
Desde o apito inicial, o confronto demonstrava o peso de uma verdadeira decisão. O Santa Fe entrou em campo ciente de que apenas a vitória o manteria vivo na competição. Com uma postura agressiva e linhas adiantadas, a equipe colombiana iniciou o jogo pressionando o Timão e obrigando a goleira Nicole a realizar uma grande defesa logo nos primeiros minutos. O time colombiano tentava aproveitar os erros de saída de bola corinthianos, apostando na velocidade e nos chutes de média distância.
Mas o talento e a experiência das Brabas falaram mais alto. Em uma jogada ensaiada de bola parada, Gabi Zanotti apareceu na primeira trave e, com um cabeceio certeiro, abriu o placar. O gol deu tranquilidade à equipe de Lucas Piccinato, que passou a ditar o ritmo do jogo.
A posse de bola tornou-se aliada, e o Corinthians, mesmo sob a pressão inicial, mostrou maturidade para controlar as ações e criar oportunidades que poderiam ter transformado a vitória em goleada.
Durante o restante do primeiro tempo, o Timão manteve o domínio e viu o adversário reduzir o ímpeto ofensivo. Com toques rápidos e triangulações bem executadas, as jogadoras corinthianas conseguiram explorar as laterais do campo, principalmente com Gi Fernandes e Tamires, que levaram constante perigo ao setor defensivo colombiano. Em uma dessas tramas, Letícia Monteiro acertou a trave após bela finalização colocada, mostrando que o segundo gol parecia apenas questão de tempo.
A intensidade do duelo, contudo, também se refletia na disputa física. O Santa Fe, ciente da superioridade técnica do Corinthians, recorreu às faltas para tentar interromper o ritmo alvinegro.
Ainda assim, o clube brasileiro manteve a concentração e demonstrou equilíbrio emocional — uma das marcas do trabalho de Lucas Piccinato desde o início da temporada.
Na volta do intervalo, o cenário do confronto manteve-se parecido com o início da partida. O Santa Fe tentou exercer pressão e, mais uma vez, apostou nas bolas alçadas à área. O sistema defensivo corinthiano, liderado por Thaís Regina e Mariza, mostrou segurança e imposição, evitando que as adversárias transformassem o volume ofensivo em chances reais de perigo.
O Corinthians, por sua vez, administrava o resultado com sabedoria. Mesmo diante da insistência colombiana, as Brabas não abdicaram de atacar. Andressa Alves, com sua habitual inteligência tática, comandava o meio-campo, distribuindo passes e encontrando espaços entre as linhas de marcação. Em uma de suas jogadas, ela serviu Letícia Monteiro na área, que dominou e finalizou, mas a defesa se recuperou a tempo para travar o arremate.
Com o passar do tempo, o domínio corinthiano voltou a se intensificar. Gi Fernandes protagonizou belas arrancadas pelo lado direito, enquanto Dayana Rodríguez mostrava eficiência na marcação e visão de jogo. O toque de bola refinado das Brabas era um reflexo do entrosamento do elenco, que mesmo diante da forte marcação adversária, manteve a serenidade e a paciência para construir jogadas com qualidade.
A partida também teve momentos de tensão. Aos 32 minutos do segundo tempo, o Santa Fe chegou a balançar as redes após cabeceio de Maria Carvajal, mas o VAR interveio e anulou o lance ao confirmar que a bola não havia cruzado completamente a linha. A decisão trouxe alívio e reforçou a solidez da defesa corinthiana, que se manteve firme até o apito final.
O técnico Lucas Piccinato realizou alterações estratégicas para refrescar o setor ofensivo e conter o ritmo intenso da partida. Entraram Duda Sampaio, Jhonson, Gisela Robledo e Juliete, que deram fôlego novo à equipe e ajudaram a manter o controle do jogo. As substituições surtiram efeito: o Corinthians voltou a criar boas oportunidades, como no lance em que Tamires recebeu passe açucarado de Vic Albuquerque e, cara a cara com a goleira Velázquez, viu sua finalização parar na arqueira colombiana.
Nos acréscimos, a pressão final das colombianas trouxe emoção ao duelo. Viso e Osorio ainda tentaram empatar com finalizações perigosas, incluindo um chute no travessão de Nicole. Mas a defesa alvinegra mostrou valentia e garantiu o resultado com cortes precisos de Mariza e Thaís Ferreira. Quando o apito final soou, as Brabas celebraram com intensidade mais uma classificação histórica.
O triunfo por 1 a 0 representou mais do que apenas três pontos: foi a confirmação de um projeto sólido, de um elenco unido e de um futebol que alia técnica, raça e mentalidade vencedora. O Corinthians fechou a fase de grupos com sete pontos e um saldo de 12 gols — números que traduzem a superioridade da equipe no torneio até aqui.
Agora, o próximo desafio será diante do Boca Juniors, da Argentina, pelas quartas de final. O confronto está marcado para o próximo sábado, dia 11, no Estádio Deportivo Morón, com horário a ser definido pela Conmebol. As argentinas terminaram na segunda posição do Grupo B, o que promete um duelo equilibrado e de alto nível técnico.
O desempenho das Brabas na fase de grupos reforça o protagonismo do Corinthians no cenário sul-americano. Sob o comando de Lucas Piccinato, a equipe mostrou capacidade de adaptação, entrosamento e maturidade tática, mesmo diante de adversários de estilos distintos. A vitória sobre o Santa Fe reafirma o DNA competitivo do clube, que não se intimida em momentos decisivos e sabe fazer valer sua tradição em campo.
Ao final, o placar simples foi apenas um reflexo da eficiência coletiva. O Corinthians soube sofrer quando necessário, foi letal quando teve oportunidade e, acima de tudo, mostrou a força de um grupo que busca mais um título continental. O grito da Fiel ecoa por Buenos Aires e por todo o continente, embalando o sonho de novas conquistas.
Com o espírito guerreiro e a confiança renovada, as Brabas agora concentram suas forças na fase mata-mata, onde cada detalhe faz diferença. Se o desempenho até aqui é um indicativo, a torcida pode esperar mais exibições marcantes, intensidade do início ao fim e, quem sabe, mais uma taça para a coleção do clube do Parque São Jorge.

