Thales Cezar deixa diretoria de Relações Institucionais do Corinthians e amplia crise nos bastidores

Desligamento do dirigente ocorre em meio a série de saídas na alta cúpula alvinegra; gestão Augusto Melo soma 18 baixas desde janeiro de 2024

O Sport Club Corinthians Paulista enfrenta mais um revés em sua estrutura administrativa. Na tarde desta sexta-feira, Thales Cezar de Oliveira, até então diretor de Relações Institucionais da agremiação, comunicou oficialmente sua saída do cargo. O pedido foi feito diretamente ao presidente do clube, Augusto Melo, e, segundo informações confirmadas pelo portal Meu Timão, a decisão foi motivada por questões de ordem profissional, com Thales necessitando de dedicação integral a novos projetos em sua carreira.

A saída de Thales ocorre em um momento delicado para a gestão de Augusto Melo, que completa pouco mais de um ano à frente do clube e já contabiliza um total de 18 baixas entre diretores e membros da alta administração desde janeiro de 2024. Esse cenário reforça a instabilidade política e administrativa que vem marcando os bastidores do Parque São Jorge desde o início do atual mandato.

Thales Cezar: perfil discreto, atuação estratégica

Nomeado diretor de Relações Institucionais no início da gestão Augusto Melo, Thales Cezar de Oliveira acumulava a função com sua carreira jurídica no Ministério Público de São Paulo, onde atua como Promotor de Justiça. Sua atuação no clube, embora discreta, foi considerada estratégica para as relações do Corinthians com órgãos públicos, entidades privadas e instituições governamentais.

A diretoria de Relações Institucionais, sob sua responsabilidade, teve como atribuições a interlocução do Corinthians com instâncias como a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e, notoriamente, com a National Football League (NFL) durante o processo de aproximação institucional que envolveu projetos culturais e esportivos com a entidade norte-americana.

Ao deixar o cargo, Thales passa a integrar a já extensa lista de dirigentes que se desligaram da atual gestão, um fenômeno que vem gerando preocupação entre conselheiros, torcedores e membros da oposição. Ainda não há um nome definido para substituí-lo à frente da pasta, aumentando o vácuo administrativo que se forma no clube.

reprodução de internet/alesp

Saídas em série aprofundam crise na gestão Melo

Além de Thales, a gestão de Augusto Melo registrou outras importantes baixas nesta semana. Na última terça-feira, os então responsáveis pela área de Marketing do clube também pediram desligamento. Deixaram seus cargos Vinicius Manfredi (superintendente de marketing), Luís Otávio Costa (gerente de marketing) e Sandor Romanelli (superintendente comercial). As saídas foram interpretadas nos bastidores como mais um sinal da dificuldade de sustentação da atual diretoria diante de pressões internas e externas.

Outro setor afetado é o financeiro. Desde a última sexta-feira, a diretoria financeira do Corinthians está acéfala, após o afastamento de Pedro Silveira por problemas de saúde. Até o momento, o clube ainda não definiu um novo nome para assumir o posto, o que tem gerado incertezas quanto à condução das finanças alvinegras.

A ausência de lideranças nos principais departamentos estratégicos do clube escancara um cenário de desorganização que contrasta com as promessas feitas durante a campanha eleitoral de Augusto Melo, eleito com a proposta de modernizar a gestão e profissionalizar a administração do clube.

 

Repercussão interna e risco político

Nos corredores do Parque São Jorge, o clima é de tensão. Conselheiros de diferentes correntes já manifestaram preocupação com a quantidade de desligamentos e com a instabilidade das decisões administrativas. Segundo apuração de bastidores, já há articulações em curso para um possível novo pedido de impeachment contra o presidente Augusto Melo.

O primeiro pedido, protocolado por conselheiros opositores, foi rejeitado em plenário no início deste ano. No entanto, com o agravamento da crise institucional e a perda de apoio de aliados importantes, novas movimentações podem ganhar força nas próximas semanas. A rejeição do balanço financeiro de 2024 pela Assembleia Geral dos associados, realizada na última segunda-feira, foi um dos estopins para o acirramento das disputas políticas.

Alguns conselheiros ouvidos sob anonimato afirmam que o “barco está à deriva” e que a permanência de Augusto Melo depende, mais do que nunca, da capacidade de recomposição política e da nomeação urgente de novos dirigentes com perfil técnico e conciliador.

Opinião da torcida e desgaste na imagem pública

Nas redes sociais o sentimento é majoritariamente de frustração. Muitos apontam o elevado número de saídas como um reflexo direto da falta de liderança e da instabilidade no comando do clube. Comentários como “os ratos estão abandonando o navio” e “o último apaga a luz” tornaram-se comuns nos espaços virtuais dedicados à torcida corinthiana.

O desgaste da imagem institucional do clube também se reflete no ambiente externo. Patrocinadores, parceiros comerciais e investidores acompanham com apreensão os desdobramentos internos. Embora nenhuma empresa tenha oficialmente rompido com o Corinthians, fontes do setor afirmam que a permanência do atual quadro poderá comprometer futuras negociações.

Desafios para a reconstrução institucional

Para reverter o cenário atual, o presidente Augusto Melo terá que agir com rapidez e habilidade. O desafio passa não apenas pela reposição dos quadros diretivos, mas por uma reconstrução da confiança interna e externa no projeto de gestão.

Especialistas em administração esportiva apontam que a estabilidade de uma diretoria executiva é crucial para a implementação de políticas duradouras e eficazes. Sem isso, decisões estratégicas ficam comprometidas, afetando diretamente áreas como o futebol profissional, a base, o marketing, as finanças e as relações institucionais.

Relações Institucionais: função vital em tempos de pressão

A pasta de Relações Institucionais exerce papel fundamental na proteção dos interesses do clube junto aos poderes públicos e entidades privadas. Em um cenário cada vez mais regulado e dependente de articulações externas, a ausência de uma liderança ativa e respeitada nesse setor representa um risco direto à governança do clube.

A substituição de Thales Cezar, portanto, deverá considerar não apenas critérios políticos, mas sobretudo técnicos. O novo responsável precisará ter trânsito institucional, capacidade de interlocução e profundo conhecimento das dinâmicas públicas e corporativas que envolvem um clube do tamanho e da importância do Corinthians.

Augusto Melo em xeque

Eleito em 2023 com a promessa de romper com vícios administrativos e devolver protagonismo ao clube, Augusto Melo enfrenta agora o maior desafio de sua trajetória como gestor. A rápida deterioração de sua base de apoio, somada à pressão interna e ao descrédito entre parte da torcida, colocam seu mandato sob ameaça.

Enquanto as respostas institucionais não são dadas, o Corinthians segue mergulhado em incertezas. A diretoria, enfraquecida, lida com saídas em série, indefinições sobre o futuro de áreas sensíveis e o risco de um novo processo de impeachment. Mais do que nunca, o clube precisa de liderança, estabilidade e transparência para retomar o rumo.