O presidente do Conselho Deliberativo (CD) do Sport Club Corinthians Paulista, Romeu Tuma Júnior, rejeitou oficialmente o pedido de adiamento da votação das contas de 2024, formulado pelo presidente do clube, Augusto Melo. Com a decisão, a votação permanece agendada para a próxima segunda-feira, 28 de abril, conforme previsto anteriormente.
A resposta de Romeu Tuma Jr. foi acessada com exclusividade pelo portal Meu Timão, e revela que a data foi estabelecida há mais de um mês em conjunto com o diretor financeiro Pedro Silveira e os demais órgãos de fiscalização interna do clube. Segundo o presidente do CD, o prazo respeita o limite máximo previsto para a realização da votação e está em consonância com as obrigações legais que regem a publicação do balanço financeiro do clube.
Obrigatoriedade legal e risco de sanções
No documento encaminhado ao presidente do clube, Romeu Tuma Júnior destacou que o Corinthians deve publicar seu balanço financeiro em jornais de grande circulação até o dia 30 de abril, que representa o último dia útil do mês. Este prazo é uma exigência prevista na Lei Geral do Esporte e no Código Civil, sendo fundamental para garantir a <b>regularidade jurídica e fiscal da instituição.
Caso a publicação não ocorra dentro do prazo legal, o Corinthians poderá sofrer sanções severas, que vão desde a perda de benefícios fiscais até a possibilidade de sanções esportivas e administrativas. Segundo o entendimento do presidente do CD, qualquer atraso comprometeria não apenas a imagem institucional do clube, mas também sua responsabilidade jurídica perante autoridades públicas e entidades fiscalizadoras.
Romeu Tuma Jr. aponta ausência de motivos para adiamento
Ao longo do documento, com aproximadamente três páginas, Romeu Tuma Júnior reitera que não existe qualquer impedimento técnico ou jurídico que justifique o adiamento solicitado por Augusto Melo. Segundo ele, todos os documentos pertinentes à análise das contas já foram devidamente entregues aos conselheiros, tanto por parte da diretoria quanto do Conselho Fiscal.
Além disso, o Conselho de Orientação (Cori), órgão consultivo responsável por avaliar e recomendar diretrizes estratégicas, não solicitou qualquer prorrogação ou reavaliação da data. Para o presidente do CD, a manutenção do cronograma original é fundamental para a transparência e credibilidade do processo deliberativo.
Reabertura do balanço de 2023 e pedido de reconsideração
O pedido de adiamento da votação das contas de 2024 foi protocolado por Augusto Melo natarde da última sexta-feira, juntamente com uma solicitação paralela: a reabertura do balanço financeiro referente ao ano de 2023. A ação teve como base a recomendação de uma consultoria especializada, contratada recentemente pelo clube para reavaliar aspectos técnicos da contabilidade corinthiana.
Segundo a consultoria, um montante de R$ 191 milhões, classificado como “contingência tributária”, foi indevidamente incluído no demonstrativo de 2024, quando, na verdade, deveria ter sido computado no balanço de 2023. A recomendação técnica gerou grande repercussão nos bastidores do clube e acabou motivando a tentativa de reabertura das contas do ano anterior — algo incomum e que tende a levantar debates jurídicos e contábeis complexos.
Impacto da contingência na dívida total do clube
O valor de R$ 191 milhões representa uma parcela expressiva — cerca de 30% — do <b>aumento total da dívida apresentado no balanço de 2024. De acordo com os documentos enviados aos conselheiros no último sábado, a dívida do <b>Sport Club Corinthians Paulista saltou para R$ 2,568 bilhões</b> durante o <b>primeiro ano da gestão de Augusto Melo, refletindo um incremento de aproximadamente R$ 600 milhões em comparação ao período anterior.
Essa escalada no endividamento gerou preocupação entre os conselheiros e levou o Conselho Fiscal a recomendar, de maneira clara e objetiva, a reprovação das contas. A análise feita pelo órgão aponta inconsistências nos critérios contábeis adotados e reforça a necessidade de medidas mais austeras e transparentes na gestão orçamentária do clube.
Momento de tensão política e institucional
O episódio evidencia o clima de tensão institucional dentro do Corinthians, marcado por atritos entre diferentes esferas da administração. Enquanto o presidente Augusto Melo tenta reavaliar aspectos do balanço e propõe alterações de cronograma, o presidente do CD, Romeu Tuma Júnior, adota uma postura firme no cumprimento das regras estatutárias e legais.
A decisão de manter a votação no dia 28 acirra ainda mais os ânimos entre as lideranças e deve tornar a reunião do Conselho Deliberativo uma das mais polêmicas e importantes dos últimos anos. Conselheiros ouvidos reservadamente por veículos de imprensa já preveem uma sessão tensa, com debates acalorados e possível polarização entre alas da situação e da oposição.
Consequências de uma eventual reprovação
Caso as contas sejam, de fato, reprovadas pelo Conselho, o resultado poderá desencadear consequências graves para a atual gestão. A rejeição formal do balanço pode abrir caminho para uma ação de responsabilização administrativa contra Augusto Melo, além de sanções políticas internas, que incluem advertência, suspensão ou, em casos mais extremos, abertura de processo de impeachment.
Além disso, a reprovação pode afetar diretamente a imagem pública do clube perante patrocinadores, torcedores e o mercado financeiro. A transparência e a confiança na governança são elementos fundamentais para a credibilidade de qualquer instituição esportiva de grande porte, como é o caso do Corinthians.
O Estatuto social
O Estatuto Social do Corinthians é claro ao estipular que as contas devem ser apresentadas e submetidas ao Conselho Deliberativo dentro do primeiro quadrimestre do ano seguinte ao exercício. A não observância deste prazo pode representar descumprimento grave de dever estatutário.
A manutenção da votação para o dia 28, portanto, não é apenas uma escolha administrativa, mas sim uma obrigação institucional que visa assegurar o funcionamento regular do clube e a prestação de contas à sua base social.
Próximos passos e expectativa
Com a data mantida, a expectativa é que os conselheiros se reúnam na próxima segunda-feira para deliberar sobre as contas de 2024 em meio a um cenário de intensa cobrança por transparência, responsabilidade e comprometimento com a realidade financeira do clube.
A sessão promete ser decisiva para o futuro da atual gestão e pode marcar um ponto de inflexão na trajetória recente da política alvinegra. A Fiel Torcida, atenta e crítica, acompanha os desdobramentos com grande preocupação, na esperança de que o Corinthians reencontre seu caminho de estabilidade institucional e responsabilidade financeira.