O Corinthians voltou a campo neste sábado à noite, na Neo Química Arena, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro, e amargou mais um revés.
Diante de sua torcida, a equipe alvinegra foi derrotada pelo Bahia por 2 a 1 e acumulou a segunda perda consecutiva na competição, resultado que aprofunda a fase preocupante vivida pelo clube no torneio nacional. O único gol corinthiano foi anotado por Gui Negão, atacante recém-promovido ao elenco profissional, que balançou a rede pela primeira vez com a camisa do Timão.
A noite, que poderia ter sido de celebração pela marca pessoal do jovem centroavante, acabou marcada pela frustração coletiva. Os erros defensivos, a dificuldade em transformar o volume ofensivo em chances claras e as falhas individuais pesaram contra a equipe de Dorival Júnior, que viu o adversário comandado por Rogério Ceni aproveitar as oportunidades criadas e sair de Itaquera com três pontos preciosos.
Logo nos instantes iniciais, a desatenção do sistema defensivo alvinegro foi determinante. Em menos de dois minutos, Michel Araújo recebeu passe de Willian José e finalizou rasteiro de fora da área, vencendo o goleiro Hugo Souza e inaugurando o marcador. O gol tão precoce foi um balde de água fria na torcida, que lotava a arena e tentava empurrar o Corinthians rumo à recuperação depois da derrota na rodada anterior.
O Timão até ensaiou uma resposta imediata. Rodrigo Garro chegou a balançar a rede após receber passe de Kayke, mas o VAR interveio e apontou toque de mão do atacante na origem da jogada. A anulação gerou irritação nos torcedores e nos atletas, especialmente porque o contato não pareceu intencional. A situação exemplificou a noite de dificuldades que a equipe enfrentaria.
Ainda assim, o Corinthians manteve-se agressivo. Gui Negão teve boa oportunidade em chute rasteiro que passou perto da trave, enquanto Matheus Bidu e Garro arriscaram finalizações da entrada da área. A insistência foi recompensada aos 28 minutos, quando o jovem centroavante aproveitou sobra após disputa dentro da área e, com estilo, marcou um belo gol de bicicleta. Inicialmente anulado por impedimento, o lance passou por longa checagem do árbitro de vídeo, que levou cerca de dez minutos para validar o tento. O estádio explodiu em festa, e Gui Negão celebrou seu primeiro gol como profissional.
Entretanto, a euforia durou pouco. No reinício do jogo, Matheuzinho cometeu pênalti ao derrubar Kayky dentro da área. Willian José cobrou com categoria, deslocando o goleiro Hugo Souza, e recolocou os baianos em vantagem. A sequência de acontecimentos evidenciou a fragilidade emocional da equipe alvinegra, que, após conquistar o empate, não conseguiu manter a concentração necessária para evitar a virada.
Com tantas interrupções por conta do VAR e de atendimentos médicos, a etapa inicial teve mais de 15 minutos de acréscimos. O Corinthians ainda tentou com Breno Bidon e Kayke, mas a pontaria não colaborou. Assim, os jogadores desceram para os vestiários em clima de apreensão e sob vaias de parte da torcida.
Na volta para o segundo tempo, Dorival Júnior tentou reorganizar a equipe. O Timão aumentou sua presença no campo ofensivo, especialmente pelos lados, mas esbarrou no sistema defensivo do Bahia, que se fechou com eficiência. As mudanças promovidas pelo técnico, como as entradas de Talles Magno e Vitinho, alteraram a postura tática para um 4-2-3-1 mais agressivo, mas o time seguia encontrando dificuldades na hora de concluir as jogadas.
Vitinho, estreante da noite, até conseguiu boas investidas individuais, mostrando personalidade ao driblar e buscar o ataque, mas faltou precisão nas finalizações e melhor aproveitamento coletivo de suas jogadas. Talles Magno também teve chance clara de cabeça, defendida pelo goleiro Ronaldo, que garantiu a vitória baiana com intervenções seguras.
O Corinthians, já no desespero, passou a apostar em bolas alçadas para a área. Com quatro jogadores de frente, tentou sufocar o rival nos minutos finais, mas sem sucesso. Gustavo Henrique, Raniele e os demais atletas que se aventuraram no ataque pararam na defesa bem postada do Bahia ou no goleiro adversário. A frustração era evidente nas arquibancadas, onde a torcida já começava a demonstrar impaciência com os resultados recentes.
O apito final decretou o 2 a 1 para os visitantes, deixando um cenário de preocupação. O resultado negativo expõe a irregularidade do Corinthians no Brasileirão e acende um alerta para a sequência da competição. A equipe, que ainda não conseguiu encontrar consistência sob o comando de Dorival Júnior, terá de usar a semana cheia de treinos para ajustar o sistema defensivo e melhorar a eficiência ofensiva.
A próxima partida será contra o Vasco, em São Januário, no próximo domingo, às 16h. O duelo promete ser de extrema importância, já que ambos os times lutam para se afastar da parte de baixo da tabela e precisam da vitória para retomar a confiança.
Apesar da derrota, alguns aspectos positivos podem ser destacados. A atuação de Gui Negão, marcando seu primeiro gol como profissional, foi um alento para o torcedor que busca esperança em novas peças do elenco. Além disso, a estreia de Vitinho mostrou que o jovem pode se tornar uma opção interessante para dar velocidade e criatividade ao ataque. No entanto, esses pontos individuais não foram suficientes para evitar o resultado amargo.
A situação do Corinthians é preocupante. As ausências por suspensão e lesão, como as de Cacá, Fabrizio Angileri, André Carrillo e outros atletas importantes, têm comprometido a formação da equipe. O setor defensivo sofre com falhas recorrentes, enquanto o meio-campo apresenta dificuldade em dar equilíbrio entre criação e marcação. O ataque, por sua vez, carece de eficiência e confiança, algo que pode ser corrigido apenas com tempo, treino e recuperação psicológica do elenco.
No aspecto coletivo, o desafio de Dorival Júnior será encontrar alternativas para devolver competitividade ao time. O sistema 4-3-1-2, que vem sendo utilizado, mostrou-se vulnerável diante do Bahia. A mudança para o 4-2-3-1 no segundo tempo trouxe certo dinamismo, mas não se converteu em gols. Ajustar a transição defensiva e evitar erros individuais será fundamental para que a equipe consiga reagir no campeonato.
Ao fim da noite, restou ao torcedor corinthiano a sensação de mais uma oportunidade desperdiçada. Jogando em casa, diante de um adversário direto, a equipe não conseguiu transformar apoio da Fiel em pontos na tabela. A derrota por 2 a 1 para o Bahia reforça o momento delicado e aumenta a pressão por resultados positivos. O Corinthians sabe que precisará dar uma resposta imediata no Rio de Janeiro, diante do Vasco, se quiser afastar o clima de crise que começa a se instalar em Itaquera.
Abaixo a ficha técnica do jogo
Competição: Campeonato Brasileiro
Local: Neo Química Arena, São Paulo, SP
Data: 16 de agosto de 2025 (sábado)
Horário: 21h00 (de Brasília)
Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli da Silva
Assistentes: Nailton Junior de Sousa Oliveira e Felipe Alan Costa de Oliveira
Árbitro de vídeo: Rafael Traci
Gols: Gui Negão (Corinthians); Michel Araujo e Willian José (Bahia)
Cartões amarelos: André Ramalho, Breno Bidon e Raony Tadeu (Analista de Desempenho) (Corinthians); David Duarte, Luciano Juba, Santiago Arias e Erick Pulga (Bahia)
Público: 38.334 pagantes (público total: 38.668)
Renda: R$ 2.823.725,00
CORINTHIANS: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho (Dieguinho), Gustavo Henrique e Matheus Bidu (Ryan); Raniele, José Martínez, Breno Bidon (Talles Magno) e Rodrigo Garro; Kayke (Bahia) e Gui Negão (Vitinho).
Técnico: Dorival Júnior
BAHIA: Ronaldo; Gilberto (Santiago Arias), David Duarte, Ramos Mingo e Luciano Juba; Caio Alexandre (Acevedo), Jean Lucas e Michel Araujo; Ademir (Luciano Rodríguez), Kayky (Tiago) e Willian José (Cauly).
Técnico: Rogério Ceni