Atacante paraguaio desabafa após derrota para o São Paulo e destaca falta de concentração nos momentos cruciais do primeiro tempo
O Corinthians vive mais um momento de turbulência em sua campanha no Campeonato Brasileiro de 2025. Derrotado pelo São Paulo por 2 a 0 na noite deste sábado, no estádio do Morumbis, pela 15ª rodada da competição, o time comandado por Dorival Júnior apresentou novamente fragilidades táticas, falhas defensivas e, sobretudo, falta de concentração. Ao final da partida, o atacante e capitão Ángel Romero foi direto ao apontar a principal falha do elenco no clássico: o apagão nos minutos decisivos da primeira etapa.
“Faltou concentração no primeiro tempo, né? A gente falou que nos clássicos a gente tem que cuidar muito dos detalhes… A gente desligou completamente. Tomamos dois gols muito rápidos e aí, em clássico, é muito difícil voltar”, declarou o camisa 11 em entrevista ao canal SporTV ainda no gramado do Morumbis. O paraguaio, um dos líderes do elenco, não escondeu a frustração com a apatia demonstrada pela equipe em um jogo de tamanha importância.
A postura inicial do Corinthians até chegou a animar os torcedores que acompanharam o início do clássico. A equipe alvinegra apresentou um domínio ligeiramente superior nas ações do meio-campo durante os primeiros 20 minutos, conseguindo trocar passes com fluidez e manter a posse de bola no campo ofensivo. Contudo, esse equilíbrio ruiu de forma drástica e irreversível em questão de minutos.
Entre os 25 e os 30 minutos do primeiro tempo, o São Paulo aproveitou duas falhas seguidas da defesa corinthiana e marcou duas vezes com o atacante Luciano. A primeira falha foi coletiva: desorganização no posicionamento após perda de bola no meio-campo. Na segunda, a linha defensiva alvinegra se desfez completamente em uma jogada construída pelo lado esquerdo. O estrago causado em tão pouco tempo comprometeu o restante do jogo.
“No segundo tempo a gente tentou, mas não alcançou”, resumiu Romero, dando voz ao sentimento de impotência do elenco após os dois gols sofridos.
Na volta do intervalo, Dorival Júnior realizou três alterações com o objetivo de dar mais mobilidade ao ataque e tentar buscar um gol que recolocasse o time na partida. Uma das mudanças mais comentadas foi a entrada de Memphis Depay, que, apesar da expectativa, pouco conseguiu produzir. As substituições não surtiram o efeito esperado e o desempenho do Corinthians seguiu apático, sem criatividade e com dificuldades na construção das jogadas ofensivas.
O cenário foi se agravando à medida que o tempo passava e o São Paulo administrava o resultado. Com posse de bola superior, o rival começou a trocar passes diante de um Corinthians desorganizado e passivo. Nas arquibancadas, a torcida tricolor passou a gritar “olé” a cada toque, em uma cena que escancarou a superioridade são-paulina na noite.
Vestiário em silêncio e cobrança por mais intensidade
Segundo relato de Romero, o clima no vestiário corinthiano foi de cobrança interna. O atacante revelou que Dorival pediu mais intensidade e comprometimento para o segundo tempo. “Ele falou para entrar mais ligado no jogo. A gente perdeu o controle. No começo a gente tentou ficar com a bola, mas depois do primeiro gol a gente desligou”, explicou o jogador, demonstrando incômodo com a postura coletiva da equipe.
Sobre as escolhas do treinador, o capitão evitou qualquer crítica direta, mas reconheceu a dificuldade do grupo em corresponder às orientações. “As trocas são decisão dele. A gente entra para defender a camisa do Corinthians, tentamos empatar, mas infelizmente não conseguimos”, completou.
Com o resultado, o Corinthians permaneceu com 19 pontos e caiu para a décima colocação na tabela de classificação. O revés no clássico representou uma nova oportunidade perdida de se aproximar do G6 – zona de classificação à Libertadores –, já que o Botafogo, atual sexto colocado, soma apenas três pontos a mais, com 22.
Mais preocupante, porém, do que a distância na pontuação, é o rendimento da equipe em confrontos de alto nível. Nas últimas cinco rodadas, o Corinthians acumulou duas derrotas, dois empates e apenas uma vitória. A irregularidade se reflete na instabilidade emocional e na desconfiança da torcida, que cobra mais entrega e atitude nos jogos considerados grandes.
Cruzeiro será próximo adversário na Neo Química Arena
Agora, o time do Parque São Jorge terá pouco tempo para se recuperar. A próxima partida será na quarta-feira, dia 23, às 19h30, contra o Cruzeiro, na Neo Química Arena, pela 16ª rodada do Brasileirão. O desafio promete ser ainda mais complexo, já que o adversário mineiro vive um grande momento e ocupa a liderança da competição nacional.
O técnico Dorival Júnior já sabe que não poderá contar com alguns atletas importantes para esse duelo. O volante Raniele será ausência por suspensão, após receber o terceiro cartão amarelo justamente no clássico contra o São Paulo. Além dele, o goleiro Hugo Souza, o meia Maycon e o atacante Yuri Alberto seguem em recuperação no departamento médico e não devem reunir condições físicas a tempo.
Por outro lado, o treinador contará novamente com o lateral-direito Matheuzinho, que cumpriu suspensão automática e está liberado para retornar ao time titular. Sua volta pode representar uma alternativa de força ofensiva e apoio nas jogadas de velocidade pelo setor direito.
Tempo de reação está se esgotando
O recado de Romero ao final da partida ecoa como um alerta. A falta de concentração, especialmente em momentos decisivos, já custou pontos preciosos ao Corinthians nesta temporada. O atacante, que vive sua segunda passagem pelo clube, tem sido uma voz experiente dentro do elenco e se mostra cada vez mais inconformado com a apatia da equipe nos jogos de maior exigência.
“A gente tem que entrar ligado, principalmente em clássicos. Quando você perde o foco por dois ou três minutos, isso muda todo o jogo. Não podemos continuar cometendo os mesmos erros”, disse o atacante paraguaio.