Põe no DVD.
Em um jogo que tivemos uma arbitragem desastrosa, com gols mal anulados, Yuri Alberto e Coronado garantem a virada do Corinthians.
Na noite deste sábado, a Neo Química Arena viveu mais um capítulo emocionante da sua história.
Pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, o Corinthians venceu o Internacional por 4 a 2 em um jogo que, para além dos gols, contou com interferências polêmicas do VAR e uma arbitragem que parece ter passado o jogo de olhos vendados — ou pior, de fones de ouvido, ouvindo aquele famoso “PÕE NO DVD.” em loop infinito.
Com três gols de Yuri Alberto, o artilheiro da noite — e agora o maior goleador da história da Neo Química Arena — e um golaço magistral de Igor Coronado que parece ter ressuscitado em plena noite paulistana, o coringão mostrou raça, técnica e nervos de aço para superar adversários dentro e fora de campo.
Enquanto isso, do lado vermelho, sobrou reclamação infundada e um comportamento que beira o absurdo vindo de quem pouco produziu com a bola nos pés.
A partida começou com o Corinthians impondo seu ritmo e dominando a posse de bola.
Logo aos 11 minutos, o time alvinegro criou sua primeira chance clara com Memphis Depay acertando o travessão em cabeçada após cruzamento de Romero. A pressão surtiu efeito quando o camisa 10 achou Yuri Alberto em profundidade.
O atacante corinthiano fez fila, driblou Vitão e Fernando com uma frieza quase insultuosa, e chutou rasteiro para abrir o placar: 1 a 0 para o Timão.
Parecia que o time de Dorival Júnior navegaria tranquilo, mas então vieram os velhos fantasmas: erros defensivos e vacilos na saída de bola.
Primeiro, o empate do Internacional após falha de Hugo Souza na saída e finalização de Aguirre.
Em seguida, a virada colorada após bela triangulação entre Fernando, Alan Patrick e Thiago Maia — que, ironicamente, depois se veria em uma jornada de sobrevivência com um a menos em campo.
Na volta do intervalo, o Corinthians voltou elétrico. Memphis quase empatou em chute perigoso e, logo em seguida, Yuri Alberto balançou as redes pela segunda vez após passe de Romero.
Mas aí entrou em cena o VAR, aquele integrante extra do time adversário.
Uma falta duvidosa (ou melhor, invisível) de Matheuzinho anulou o gol e provocou a revolta da torcida.
Logo depois, Bruno Henrique foi expulso por segundo cartão amarelo, e o Corinthians aproveitou a vantagem numérica e Yuri empatou novamente após bela jogada com Matheus Bidu, e a pressão aumentava.
O VAR ainda teve tempo para mais uma intervenção polêmica — e risível, se não fosse trágica.
Em lance com Memphis, que marcou um golaço após cruzamento de Carrillo, o árbitro foi ao vídeo e anulou o gol por uma suposta falta cometida por André Ramalho.
A origem da jogada pareceu mais um filme de suspense mal dublado do que um lance claro para anulação.
Aos 45 minutos, a justiça tardou, mas não falhou.
Em lance claro, Matheus Bidu levou um chute no abdômen — um verdadeiro golpe de artes marciais desferido por Óscar Romero.
O juiz, mais perdido que torcedor em fila dupla, nada marcou, mas o VAR, finalmente agindo de forma sensata, chamou o árbitro para revisão e a penalidade foi confirmada.
Yuri Alberto, o homem da noite, bateu com firmeza, no alto, e fez seu hat-trick: 3 a 2.
Superou até mesmo as expectativas do roteiro mais otimista e se tornou o maior artilheiro da história da Arena.
Uma noite digna de DVD, só que dessa vez, com final feliz e trilha sonora corinthiana.
E para fechar com chave de ouro — e uma pitada de milagre —, Igor Coronado, que vinha sumido e questionado, apareceu como se houvesse descido dos céus.
Após passe de Talles Magno, o meia dominou, viu Anthoni adiantado e deu uma cavadinha mágica, digna de placa, digna de aplausos, digna de redenção: 4 a 2, Corinthians.
A atuação da arbitragem foi um dos pontos mais vergonhosos da noite. Três gols anulados em sequência, dois deles por lances altamente questionáveis, configuram mais do que erros técnicos — beiram a sabotagem moral.
Quando o futebol começa a ser decidido por replays interpretativos e critérios inconsistentes, perde-se a essência do jogo.
A verdade é que o VAR no Brasil virou VARdoso: só aparece para estragar a festa.
E não bastasse isso, o Internacional — que pouco produziu com qualidade — ainda teve a audácia de reclamar da arbitragem.
Uma postura que beira o deboche.
Após serem beneficiados por decisões inexplicáveis, apontar o dedo para o apito é como um ladrão reclamando da polícia por ter sido flagrado.
É impossível não exaltar Yuri Alberto.
O atacante teve uma noite histórica, de entrega, precisão e frieza. Marcou três gols — cinco se contarmos os absurdamente anulados — e comandou o ataque com categoria. Sua movimentação, presença de área e poder de decisão elevaram o nível do jogo e garantiram uma vitória que será lembrada por muito tempo.
E se Yuri foi o protagonista, Igor Coronado foi o coadjuvante improvável que brilhou no momento certo.
O meia, tão criticado por sua irregularidade, ressurgiu como fênix em plena NeoQuimica Arena e mostrou que ainda pode ser útil, decisivo e encantador.
Com a vitória, o Corinthians chega a 10 pontos e, provisoriamente, ocupa a sétima posição no Brasileirão.
No fim, o Corinthians não venceu apenas o Internacional. Venceu a má vontade da arbitragem, os equívocos grotescos do VAR e o chororô infundado de quem não merecia mais do que um empate — se tanto. O DVD colorado já está gasto, a piada envelheceu e o futebol moderno exige mais do que lamentos: exige competência, como mostrou o Timão em cada minuto da batalha deste sábado.
A equipe volta a campo na próxima terça-feira (06), às 21h30, novamente na Neo Química Arena, desta vez pela Copa Sul-Americana, contra o América de Cali, da Colômbia.
É a chance de embalar de vez e mostrar que, quando o apito não atrapalha, o Timão é letal.
Ficha técnica do jogo
Competição: Campeonato Brasileiro
Local: Neo Química Arena, São Paulo, SP
Data: 03 de maio de 2025 (sábado)
Horário: 18h30 (de Brasília)
Árbitro: Paulo Cesar Zanovelli da Silva
Assistentes: Guilherme Dias Camilo e Felipe Alan Costa de Oliveira
Árbitro de vídeo: Paulo Renato Moreira da Silva Coelho
Gols: Yuri Alberto (três vezes), Igor Coronado (Corinthians); Aguirre e Thiago Maia (Internacional)
Cartões amarelos: Matheuzinho, Yuri Alberto e Charles (Corinthians); Bruno Henrique e Óscar Romero (Internacional)
Cartão vermelho: Bruno Henrique (Internacional)
Público: 44.569 pagantes (público total: 44.931)
Renda: R$ 3.041.403,00
CORINTHIANS: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, Cacá e Hugo Farias (Matheus Bidu); Raniele (Igor Coronado), José Martínez (Maycon), André Carrillo (Charles) e Romero (Talles Magno); Memphis Depay e Yuri Alberto.
Técnico: Dorival Júnior
INTERNACIONAL: Anthoni; Aguirre, Vitão, Victor Gabriel, Bernabei, Fernando, Thiago Maia (Ronaldo), Bruno Henrique, Wesley (L. Otávio), Alan Patrick (Óscar Romero) e Enner Valencia (Gustavo Prado).
Técnico: Roger Machado